No início dos anos 1950 a Volkswagen produzia apenas o Fusca e a Kombi,
típicos carros pós guerra - resistentes, sóbrios e baratos. O mundo
entretanto já se recuperava da Segunda Guerra Mundial, e a demanda por
carros mais elegantes e luxuosos aumentava. A Volks acabara de sair do
controle britânico (1949), e de certa forma já se aventurara timidamente
neste mercado, com a versão conversível do Fusca. Entretanto a gerência
da Volks ainda considerava a possibilidade de oferecer um carro que
levantasse a imagem da firma, atendendo plenamente a esse mercado.
O Estúdio Ghia e o Projeto
O projeto inicial apresentado pela Karmann não agradou muito aos
executivos da VW. Buscando satisfazer um cliente tão importante, a
Karmann procurou ajuda no estúdio italiano de design Ghia. Segundo
relatos não oficiais, Luigi Segre, responsável pelo renomado estúdio,
teria apresentou a Wilhelm Karmann um desenho não utilizado pela
Chrysler, o coupe Chrysler Guia Special.
Desenhado por Virgil Exner e Mario Boano, o protótipo figurou no salão
de Paris de 1952, e teria inspirado o design do coupe VW.
Tendo ou não adaptado um desenho anterior, a Ghia comprou um Fusca do
importador francês Charles Laudoch, e sobre seu chassis terminou o
protótipo em apenas cinco meses. Daí o carro foi levado de Turim para Neuilly, França, para a garagem de Laudoch. Lá Wilhelm Karmann pode ver pela primeira vez o design, o que o deixou muito entusiasmado..
O carro foi levado para Osnabrück, onde foi apresentado em 16 de
novembro a Heinrich Nordhoff, então presidente da Volks. Apesar de sua
preocupação com o possível possível preço do carro, a persuasão de Wilhelm Karmann e a necessidade de atender as demandas de mercado garantiram o sinal verde para o projeto.
Segundo o acordo fechado entre as empresas, o carro seria vendido
pela Volkswagen mas produzido pela Karmann sobre a plataforma do Fusca
(alargada em 30 cm, e no total o carro seria 12 cm mais longo). Após
testes suplementares e refinamentos no projeto, o ferramental foi
encomendado, e em julho de 1955 o coupe Volkswagen foi apresentado a
imprensa. Entretanto o carro ainda não tinha nome, apenas o código "Typ
14". Após considerar alguns nomes italianos para o carro, o nome
Karmann-Ghia foi escolhido, refletindo o exotismo do carro e a
participação das várias empresas em seu projeto.
Em agosto de 1955 o primeiro Karmann-Ghia saiu da linha de montagem de Osnabrück, Alemanha.
A reação do público ao curvilíneo carro foi excelente, e mais de 10.000
carros foram vendidos só no primeiro ano, surpreendendo até a própria
Volkswagen.
Produção
A carroceria era feita à mão, num processo consideravelmente mais
caro do que a linha de montagem utilizada pelo Fusca. Isto se refletiu
no preço do carro, quase 1000 dólares mais caro. Ao invés de paralamas
aparafusados como o do Fusca, os painés da carroceria eram feitos à mão,
com uma liga especial e soldagem em linha. Na época apenas os carros
mais luxuosos eram construídos assim, refletindo desejo da Volks em
alavancar sua imagem com o carro.
Devido aos compromissos com o design, o espaço interno não era dos
melhores, com pouco espaço para as pernas na frente, e pouca altura
entre o banco de trás e o teto. Entretanto o interior era mais refinado
que o do Fusca, com um painel protuberante, volante branco com dois
raios e relógio. Havia um pequeno bagageiro atrás do banco traseiro,
complementando o diminuto compartimento dianteiro.
Por utilizar a mesma plataforma do Fusca, o Karmann-Ghia herdou dele
todas as configurações mecânicas, como suspensão, caixa de velocidade e
freios a tambor. Utilizando o mesmo motor do Fusca, o Karmann-Ghia não
oferecia um desempenho exatamente esportivo. Mesmo acompanhando a
evolução dos motores do Fusca ao longo de sua produção (1500cc e
1600cc), o carro contava mais com o estilo e a confiabilidade da
mecânica Volks para garantir suas vendas.
Em agosto de 1957 uma versão conversível foi apresentada, resolvendo o
problema do banco traseiro (ao menos com a capota abaixada) e
aumentando ainda mais o apelo do carro.
Em 1961 as grades frontais foram alargadas, e os faróis foram
deslocados para cima. As lanternas foram arredondadas e alongadas. O
designer italiano Sergio Sartorelli,[5] projetista do futuro Karmann-Ghia#Typ 34#Typ 34, participaria de muitas reestilizações do modelo durante sua produção.
Em 1966 o motor 1300cc passou a equipar o modelo, elevando a potência
final para 40 cv e 128 km/h de máxima. Entretanto já em 1967 o motor
1500 foi disponibilizado, com 44 cv e 138 km/h de velocidade máxima.
Em 1970 lanternas maiores integraram as luzes de ré, e grandes setas
dianteiras envolventes substituiram as luzes afiladas dos modelos
anteriores. Em 1971 viria o motor 1600 cc, com 50 cv e velocidade máxima
de 142 km/h. Luzes de seta maiores aumentariam a visibilidade lateral
em 1972, e em 1973 parachoques maiores foram adicionados ao modelo,
assim como a opção de um bagageiro em lugar do pequeno banco traseiro.
Em 1974 o carro seria substituído na Europa e Estados Unidos pelo Volkswagen Scirocco, também em parceria com a Karmann, mas desta vez desenhado por Giugaro.
No Brasil
Os planos de crescimento da empresa no Brasil fizeram com que a VW resolvesse produzi-lo localmente. Em 1960 a Karmann abriu uma fábrica em São Bernardo do Campo, São Paulo, e em 1962 o primeiro Karmann-Ghia brasileiro saiu da linha de montagem, muito semelhante ao modelo vendido no mercado europeu.
Em 1967 a motorização inicial de 1200cc e 36 cavalos foi substituída
pelo motor 1500cc, de 44 cavalos, conferindo um pouco mais de
"esportividade" ao modelo, e levando-o, segundo a fábrica, aos 138 km/h
de velocidade máxima. Assim o desempenho ficava um pouco mais condizente
com o aspecto, pelo menos para os padrões da época.
Além disso, o sistema elétrico passou de 6V para 12V, e o desenho das lanternas traseiras foi modificado.
No final de 1967 foi lançado o Karmann Ghia conversível - que
atualmente é um dos modelos brasileiros mais raros e valorizados. Foram
produzidas apenas 176 unidades.
Em meados de 1969 ocorreu o aumento da bitola traseira e do corte dos
paralamas traseiros, o que deixou a roda traseira mais visível.
Em 1970 o Karmann Ghia ganhou o novo motor 1600cc de 50 cv - que
tinha um torque maior. Agora eram 10,8 kgfm a 2800 rpm, contra 10,2 kgfm
a 2600 rpm do antigo 1500, que respondiam por mais força em arrancadas e
retomadas. O sistema de freios foi substituído por freios a discos na
dianteira e o modelo dos parachoques passou a ser uma única lâmina com
dois batentes com protetores de borracha. Esta reformulação na linha do
Karmann Ghia não foi suficiente para dar sobrevida ao modelo. Em 1972 a
Volkswagen do Brasil decidiu tirá-lo de linha, enquanto o modelo europeu
ainda seria fabricado até 1974.
Nome | Volkswagen Karmann-Ghia | ||||
Construtor | Volkswagen | ||||
Produção | 1955–1975 | ||||
Modelo | |||||
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Carroceria | Coupe | ||||
Ficha técnica | |||||
Motor | 1.2, 1.5 e 1.6 | ||||
Caixa de velocidades | 4 marchas à frente e 1 à ré | ||||
Layout | RR | ||||
Dimensões | |||||
Comprimento | 4140 mm | ||||
Largura | 1630 mm | ||||
Altura | 1330 mm | ||||
Peso | 830 kg | ||||
Cronologia | |||||
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