foi o primeiro modelo de automóvel fabricado pela companhia alemã Volkswagen. Foi o carro mais vendido no mundo, ultrapassando em 1972 o recorde que pertencia até então ao Ford Modelo T. O último modelo do Fusca foi produzido no México em 2003.
História
A história do Fusca é uma das mais complexas e longas da história do
automóvel. Diferente da maioria dos outros carros, o projeto do Fusca
envolveu várias empresas e até mesmo o governo de seu país, e levaria à
fundação de uma fábrica inteira de automóveis no processo. Alguns pontos
são obscuros ou mal documentados, já que o projeto inicialmente não
teria tal importância histórica, e certos detalhes perderam-se com a
devastação causada pela Segunda Guerra Mundial. Grande parte dessa história pode ser condensada como se segue:
O "Volksauto"
No início da década de 1931 a Alemanha era assolada por uma dura recessão, e tinha um dos piores índices de motorização da Europa.
A maioria de suas fábricas era especializada em carros de luxo,
montados à mão, e ainda muito caros. Por isso, e mais uma série de
fatores, a ideia de um carro pequeno, econômico e fácil de produzir
começou a ganhar popularidade. Era o conceito do "Volks Auto" - ou
"Volks Wagen", expressões alemãs que traduzem a ideia do "carro
popular".
Desde 1925 um conceito básico muito semelhante ao que viria ser o Fusca já existia, obra do engenheiro Béla Barényi
(famoso projetista, responsável por várias melhorias de segurança
passiva). Nos anos seguintes vários protótipos e modelos surgiam, como o
Superior, da firma Standard, projetado pelo húngaro Joseph Ganz - este modelo inclusive era relativamente barato, cerca de 1500 marcos.
Até mesmo fora da Alemanha a ideia ganhava forma, com os aerodinâmicos Tatras ganhando as ruas da então Tchecoslováquia
- carros estes que o próprio Hitler conhecia e admirava. Aerodinâmicos,
resistentes e bonitos, possuíam motor traseiro refrigerado a ar,
chassis com tubo central e eram obra do engenheiro austríaco 'Hanz
Ledwinka, um conterrâneo e amigo do futuro projetista do Fusca.
Logo assim que montou seu escritório ele recebeu uma encomenda da Wanderer (parte da Auto Union, atualmente Audi)
para uma linha de sedãs de luxo. Apesar da proposta, o projeto
resultante (que recebeu o n° 7, para dar a impressão de não ser o
primeiro) era já um pouco semelhante no design ao Fusca.
Os primeiros protótipos
O prazo para desenvolver o projeto era exíguo, apenas seis meses. Em dezembro de 1934 o número de protótipos encomendados passou para 3, de acordo com a filosofia de Porsche. Embora o prazo fosse curto, Porsche temia desagradar Hitler, e portanto, em 1935, dois modelos ainda um tanto rústicos estavam prontos. Com fundo de madeira e motores dois tempos de 850cc, os modelos eram um sedan de carroceria fechada - chamado Versuch 1 (V1), ou "Protótipo 1" - e um conversível, V2, feito para agradar o Führer, entusiasta por conversíveis.Em 12 de outubro de 1936 os dois pré-protótipos, mais um com carroceria em aço (que somado a outros dois em aço, construídos com a ajuda da Daimler-Benz, formariam a Série W30) foram entregues à RDA para os testes (dois dos carros contavam com o motor que acabaria sendo escolhido para o Fusca). Em três meses cada um deles rodou 50 mil quilômetros, enfrentando os piores terrenos, durante uma rotina de testes seis dias por semana. Para satisfação de Porsche, o relatório final da RDA aprovava o projeto. Os problemas ficaram apenas no freio, que ainda era a varão, e o virabrequim (girabrequim), que quebrava com frequência.
Em 1937 foram produzidos trinta modelos de uma versão revisada do projeto, incluindo modificações oriundas da bateria de testes anterior. Produzidos pela Daimler-Benz e financiados pela RDA, essa série ficou conhecida como VW30, e era muito semelhante ao produto final, embora sem janela traseira e sem para-choques (nas primeiras fases do projeto, posteriormente foram equipados com para-choques). Esses modelos foram submetidos a uma bateria de testes ainda mais dura, chegando os trinta em conjunto a rodar 2,4 milhões de quilômetros nas mãos de membros da SS, a tropa de elite de Hitler.
Após testes tão completos, a estrutura do carro ficaria praticamente
concluída, faltando apenas acertar os detalhes da carroceria. Em 1936-37 Porsche havia viajado para os Estados Unidos, onde pôde acompanhar os processos de fabricação em série. De lá ele trouxe alemães habituados a trabalhar em Detroit,
que o ajudariam a viabilizar a fabricação em massa do projeto. Contando
com essa ajuda, Erwin Komenda pôde então trabalhar na forma final do
carro. Ele fez então uma maquete
de pré-produção, em madeira e tamanho natural. Dentre as mudanças mais
visíveis estão as janelas traseiras bi-partidas (incorporadas em 1937
pela Reutter), a tampa do motor e do capô, e as portas com abertura
normal, além dos estribos (os modelos de teste ficavam muito sujos nas
estradas mais precárias). Com a finalização do projeto, máquinas e ferramentas foram também
trazidas dos EUA. Cerca de quarenta e quatro modelos em metal dessa nova
série (VW38/39) foram então fabricados, para altos executivos e para
fins de propaganda e exibição.
Paralelo a isso, a Tatra,
fabricante dos T77 e T87 na Tchecoslováquia, vinha desenvolvendo carros
semelhantes ao Fusca desde 1932 (protótipo V570). Hitler era um
admirador dos velozes carros, e certa vez comentou: "Estes são os carros
para minhas autobahns". Coincidentemente ou não Porsche conhecia
Hanz Ledwinka, o projetista dos Tatras. Com a finalização dos testes do
Fusca e sua iminente entrada em produção, a Tatra foi forçada pelas
forças de ocupação alemãs a desistir do projeto T97 (praticamente igual
ao protótipo VW30)
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