O
primeiro dia útil de 2014 chegou com uma sensação estranha na planta da
Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Pela primeira vez em 56
anos, nenhuma Kombi é fabricada no local. As resoluções 311 e 312 do Contran
exigem airbag duplo e freios com ABS em 100% dos veículos produzidos no Brasil
a partir de 1º de janeiro deste ano. Por não possuir os itens, o modelo não
pode mais ser fabricado. Agora resta a lembrança de admiradores e o lamento de
frotistas: não há sucessor do veículo no país.
Produzida
no Brasil desde 1957, a Kombi leva para a história um recorde: foi o veículo de
maior longevidade da indústria automobilística mundial. Mais de 1,5 milhão de
unidades foram fabricadas desde então. Inclusive, a ‘Velha Senhora’ tem uma
curiosidade: foi produzida primeiro que o carro-chefe da marca até o começo dos
anos 80, o Fusca.
O fim da
Kombi começou em agosto de 2013 e foi marcado por muita polêmica no mês
passado. A Volkswagen programou uma despedida especial, com direito a uma série
limitada, a Last Edition, evento na fábrica, hotsite com histórias dos fãs e
campanha de marketing com os últimos desejos da Kombi. A Kombi
Last Edition foi lançada com apenas 600 unidades, com pintura retrô azul saia e
blusa, bancos de vinil, cortinas, acabamento luxo e plaquetas numeradas no
painel. Tudo isso com o preço salgado de R$ 85 mil. O alto valor não assustou
colecionadores e logo a Volkswagen teve que dobrar a série para 1200 unidades.
Em 1967, o veículo ganhou motor mais potente e surgiu a versão picape |
Tudo caminhava para uma despedida solene, à altura da história do modelo, quando o governo federal quase cometeu uma trapalhada na legislação de trânsito. Por pressão de metalúgicos do ABC Paulista e pelo medo de uma queda na venda por conta do aumento no preço dos carros, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cogitou adiar a exigência de airbag e ABS por dois anos.
A polêmica durou uma semana e uma decisão favorável poderia dar sobrevida a Kombi, Gol G4 e Mille. A Fiat chegou a adiar o lançamento da edição de despedida do compacto, o Grazie Mille. No final, o bom senso prevaleceu e a exigência dos itens de segurança foi mantida; a indústria já tinha ganhado cinco anos para se adequar e o prazo não seria estendido.
Para a Kombi, porém, representou o fim de uma era. A Volkswagen não possui substituto para o modelo. Na Europa, existe o Transporter T5, uma espécie de tetraneta da Kombi, mas que chegaria com preço muito caro no Brasil. Sem o veículo, modelos como a minivan CN Auto Topic e outras chinesas podem ser a solução para transportar mais de 7 pessoas. Para cargas, as opções ficam com Fiat Fiorino, Dòblo Cargo, Peugeot Partner e Renault Kangoo.
Homenagens
Em 19 de dezembro, um grupo de operários da VW postou nas redes sociais fotos do que seria a verdadeira última Kombi fabricada no mundo. Colecionadores comentam que a unidade standard custará muito mais que as séries limitadas. Um outro modelo recebeu uma plotagem na lateral, no estilo saia e blusa, com fotos de todos os trabalhadores da linha de montagem da Kombi. Segundo a montadora, foi um evento informal organizado pelos próprios metalúrgicos. A empresa entrou em férias coletivas em 20 de dezembro e a produção só volta na próxima semana. Dessa forma, os últimos dias permitidos para fabricação da Kombi ‘não foram aproveitados’. As fabricantes têm até 31 de março para vender as unidades que sobraram ano 2013.
Além da Last Edition, a Volks realizou os quinze últimos desejos da Kombi, das centenas de histórias enviadas no hotsite. Vídeos e fotos contam algumas dessas aventuras, como o Carlos Alberto de Valentim, que viajou a três Copas do Mundo de Kombi para ver a Seleção. Os escolhidos ganharam ainda brindes do modelo.
O
penúltimo desejo do carro foi um encontro com fãs, realizado na fábrica da VW
na Rodovia Anchieta em 8 de dezembro. Mais de 170 veículos foram expostos,
atraindo milhares de pessoas. O evento foi organizado pelo Sampa Kombi Clube e
também chamou atenção da imprensa internacional. "A Kombi foi o carro que
construiu o Brasil. Durante trinta anos, ela reinou absoluta como único veículo
pequeno e médio para transporte de cargas e pessoas”, afirma Eduardo Gedrait,
presidente do clube.
Colecionadores de Belo Horizonte também ficaram marcados com o fim de produção do veículo e se uniram para criar um encontro na capital. O Clube da Kombi Belo Horizonte foi fundado em dezembro e já congrega 15 veículos. “ A notícia do fim da produção mexeu um pouco com o pessoal e o utilitário passou a ser mais frequente. Com isso, juntamos e resolvemos criar o clube da Kombi”, conta o presidente Amauri Lúcio de Oliveira, que também dirige o clube do Fusca.
Colecionadores de Belo Horizonte também ficaram marcados com o fim de produção do veículo e se uniram para criar um encontro na capital. O Clube da Kombi Belo Horizonte foi fundado em dezembro e já congrega 15 veículos. “ A notícia do fim da produção mexeu um pouco com o pessoal e o utilitário passou a ser mais frequente. Com isso, juntamos e resolvemos criar o clube da Kombi”, conta o presidente Amauri Lúcio de Oliveira, que também dirige o clube do Fusca.
História
Mecânica simples e robusta. Amplo espaço de carga e capacidade para até uma tonelada. Baixo preço de compra e manutenção barata. Esses sempre foram os argumentos de venda da Kombi, que reinou durante 56 anos no mercado brasileiro. O ideia do carro apareceu em 1947 com Ben Pon, holandês que possuia uma revenda da Volkswagen no país. A proposta é fazer um veículo de carga baseado no Fusca. A matriz gostou da ideia e colocou o projeto em prática.
1950 - Em tempo recorde, o projeto ficou pronto e o veículo começou a ser produzido em série. Chamava-se Volkswagen Transporter (ou T1), um furgão ou perua com três janelas nas laterais e bancos removíveis. A empresa utilizou o termo “kombinationsfahrzeug” ou “veículo de uso combinado” para descrevê-la. Daí surgiu o nome Kombi, utilizado no Brasil.
Ao contrário do que normalmente acontecia com veículos lançados na Europa e Estados Unidos, as primeiras Kombis chegaram no mesmo ano no Brasil. Um lote de duas Kombis e dez Fuscas foi importado pela Brasmotor, empresa que representava a VW no país, além da Chrysler. Foi um sucesso e os veículos foram vendidos pelo dobro do preço. A Kombi passou a ser importada e depois montada no Brasil.
1953 - A Volkswagen abriu a sua própria filial no Brasil e começou a montar os veículos, com as peças importadas da Alemanha. Enquanto a fábrica não ficava pronta, operava num galpão em São Paulo.
Mecânica simples e robusta. Amplo espaço de carga e capacidade para até uma tonelada. Baixo preço de compra e manutenção barata. Esses sempre foram os argumentos de venda da Kombi, que reinou durante 56 anos no mercado brasileiro. O ideia do carro apareceu em 1947 com Ben Pon, holandês que possuia uma revenda da Volkswagen no país. A proposta é fazer um veículo de carga baseado no Fusca. A matriz gostou da ideia e colocou o projeto em prática.
1950 - Em tempo recorde, o projeto ficou pronto e o veículo começou a ser produzido em série. Chamava-se Volkswagen Transporter (ou T1), um furgão ou perua com três janelas nas laterais e bancos removíveis. A empresa utilizou o termo “kombinationsfahrzeug” ou “veículo de uso combinado” para descrevê-la. Daí surgiu o nome Kombi, utilizado no Brasil.
Ao contrário do que normalmente acontecia com veículos lançados na Europa e Estados Unidos, as primeiras Kombis chegaram no mesmo ano no Brasil. Um lote de duas Kombis e dez Fuscas foi importado pela Brasmotor, empresa que representava a VW no país, além da Chrysler. Foi um sucesso e os veículos foram vendidos pelo dobro do preço. A Kombi passou a ser importada e depois montada no Brasil.
1953 - A Volkswagen abriu a sua própria filial no Brasil e começou a montar os veículos, com as peças importadas da Alemanha. Enquanto a fábrica não ficava pronta, operava num galpão em São Paulo.
1957 -
A primeira Kombi é fabricada no Brasil em 2 de setembro, com índice de
nacionalização de 50%, percentual baseado no peso e não no número de peças. O
veículo possuia motor boxer refrigerado a ar com 1.192 cm3 de cilindrada,
torque de 5,6 kgfm a 2.000 rpm e potência máxima de 36 cavalos. O câmbio era de
quatro marchas, com a primeira não sincronizada. A Kombi possuía setas na
coluna, as chamadas ‘bananinhas’. A capacidade de carga era de 840 kg.
1960 - A Kombi é um dos destaques da Volkswagen no primeiro Salão do Automóvel de São Paulo. É lançada a versão seis portas, destinada a taxistas e hoteis. Também era oferecida a a versão Turismo, adaptada para camping, com direito a um toldo que era rebatido na lateral.
1961 - O veículo ganhou setas na dianteira, que ganharam outro apelido inusitado, ‘tetinhas’. A Kombi chegava aos 95% de nacionalização e a primeira marcha passou a ser sincronizada. O grande rival da ‘Velha Senhora’ era a Ford Rural, mas o furgão da Volkswagen era mais barato e deslanchou em vendas. De 1962 a 1966, o veículo ganhou alguns melhoramentos, como novas e maiores lanternas traseiras e setas ovais na
1960 - A Kombi é um dos destaques da Volkswagen no primeiro Salão do Automóvel de São Paulo. É lançada a versão seis portas, destinada a taxistas e hoteis. Também era oferecida a a versão Turismo, adaptada para camping, com direito a um toldo que era rebatido na lateral.
1961 - O veículo ganhou setas na dianteira, que ganharam outro apelido inusitado, ‘tetinhas’. A Kombi chegava aos 95% de nacionalização e a primeira marcha passou a ser sincronizada. O grande rival da ‘Velha Senhora’ era a Ford Rural, mas o furgão da Volkswagen era mais barato e deslanchou em vendas. De 1962 a 1966, o veículo ganhou alguns melhoramentos, como novas e maiores lanternas traseiras e setas ovais na
dianteira. O vidro traseiro
aumentou e a Kombi ganhou vidros nas quinas traseiras.
1967 -
Chegada do novo motor de 1500 cilindradas com 44 cavalos a 4.200 rpm e adoção
do sistema elétrico mais moderno, de 12V. O carro melhorou um pouco a
estabilidade com rodas de 14 polegadas. A capacidade de carga foi ampliada para
uma tonelada. O ano marca ainda o lançamento da versão pick-up. Nos anos
seguintes é oferecido um opcional para trafegar em terrenos difíceis, o
bloqueio de diferencial. Em 1970, são incluídos cintos de segurança e extintor
de incêndio.
1975 - A primeira grande restilização é lançada outubro, já como modelo 1976. A Kombi adota a frente do modelo Clipper alemão, que já era vendido na Europa desde 1968, mas sem as práticas portas de correr. O motor é melhorado, com um 1600 com 52 cavalos a 4.200 rpm. O torque era de 11,2kgfm a 2.600 rpm. Em 1978, o propulsor passa a ter dupla carburação.
1975 - A primeira grande restilização é lançada outubro, já como modelo 1976. A Kombi adota a frente do modelo Clipper alemão, que já era vendido na Europa desde 1968, mas sem as práticas portas de correr. O motor é melhorado, com um 1600 com 52 cavalos a 4.200 rpm. O torque era de 11,2kgfm a 2.600 rpm. Em 1978, o propulsor passa a ter dupla carburação.
1981 - A
Kombi ganha opção de motor a diesel refrigerado a água, com radiador preto na
dianteira, disponível nas versões furgão e picape. O propulsor oferecia 50
cavalos de potência e 9,5 kgfm de torque O que seria uma solução econômica
tornou-se uma grande dor de cabeça para os proprietários, com vários casos de
motor fundido com menos de 100 mil quilômetros. A opção por motor a diesel foi
descontinuada em 1985. No mesmo ano é lançada a versão cabine dupla da picape,
com três portas.
No ano seguinte, é lançado o motor a álcool com 57 cavalos. A partir de 1983, mais equipamentos de segurança: freios a disco e cinto de três pontos no banco dianteiro. Em 1992 a Kombi ganha catalizador, para reduzir as emissões de CO2.
No ano seguinte, é lançado o motor a álcool com 57 cavalos. A partir de 1983, mais equipamentos de segurança: freios a disco e cinto de três pontos no banco dianteiro. Em 1992 a Kombi ganha catalizador, para reduzir as emissões de CO2.
1997 - A
segunda geração brasileira chega em 1997, com teto mais alto e porta de correr,
equiparando-se com o modelo da década de 70 na Europa. O novo formato aumentou
em 11 cm o espaço interno e eliminou a divisória entre a cabine e a traseira do
carro. As entradas de ar subiram da lateral para o final do vidro traseiro e a
tampa do motor foi ampliada. Os pneus passaram a ser 185 R14, ganhando mais
estabilidade.
A versão Luxo passou a se chamar Carat, com bancos de veludo e setas dianteiras com cristal branco e as traseiras escurecidas. No ano seguinte, o motor ganhou injeção eletrônica. Com baixa procura, foi extinta em 1999. A partir de 2000, a versão pick-up também saiu de linha e Volkswagen decidiu produzir a Kombi apenas na cor branca.
A versão Luxo passou a se chamar Carat, com bancos de veludo e setas dianteiras com cristal branco e as traseiras escurecidas. No ano seguinte, o motor ganhou injeção eletrônica. Com baixa procura, foi extinta em 1999. A partir de 2000, a versão pick-up também saiu de linha e Volkswagen decidiu produzir a Kombi apenas na cor branca.
2005 -
O ano é marcado por outra mudança radical: a Volkswagen anuncia o fim do motor
refrigerado a ar. A Kombi era o único veículo do mundo que ainda contava com
esse tipo de tecnologia. Os últimos propulsores eram boxer 1.6 com injeção
multiponto, com 58 cv de potência a 4.200 rpm e torque de 11,3 kgfm já com
2.600 rpm. Para marcar o fim dessa era, é lançada a Kombi Série Prata,
com apenas 200 unidades fabricadas. O carro contava com vidros verdes,
parabrisa degradê e setas escurecidas.
2006 - Última grande mudança técnica no veículo. A Kombi vira flex e adota o motor 1.4 EA-111, exclusivo no Brasil e utilizado apenas em versões de exportação do Fox. O motor tem potência de 80 cv aos 4.800 rpm e torque de 12,7 kgfm aos 3.500 quando abastecido com etanol. Agora a velocidade máxima chegava aos 130 km/h, mas o câmbio continuava manual de quatro marchas. O quadro de instrumentos também mudou, em estilo similar ao Fox.
2006 - Última grande mudança técnica no veículo. A Kombi vira flex e adota o motor 1.4 EA-111, exclusivo no Brasil e utilizado apenas em versões de exportação do Fox. O motor tem potência de 80 cv aos 4.800 rpm e torque de 12,7 kgfm aos 3.500 quando abastecido com etanol. Agora a velocidade máxima chegava aos 130 km/h, mas o câmbio continuava manual de quatro marchas. O quadro de instrumentos também mudou, em estilo similar ao Fox.
2007 -
A Kombi completa 50 anos de fabricação no Brasil e respondia por 7,2% das
vendas de veículos comerciais no país. Para comemorar a data, é lançada a série
especial 50 anos, com pintura saia e blusa nas cores vermelho e branco e com
apenas cinquenta unidades numeradas, com placa de identificação no painel.
2013 - Último ano de fabricação da Kombi. É lançada a série especial Last Edition, com 1.200 unidades numeradas ao salgado preço de R$ 85 mil reais e diversos itens de personalização exclusivos. No dia 19 de dezembro, antes das férias coletivas, a última Kombi é fabricada na fábrica de Anchieta.
2013 - Último ano de fabricação da Kombi. É lançada a série especial Last Edition, com 1.200 unidades numeradas ao salgado preço de R$ 85 mil reais e diversos itens de personalização exclusivos. No dia 19 de dezembro, antes das férias coletivas, a última Kombi é fabricada na fábrica de Anchieta.
Clique Aqui , e Veja Fotos da Kombi Last Edition
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